DECISÃO SUPREMA
Publicado no Correio Braziliense do dia 28/04/12.
O Supremo Tribunal Federal nos presenteou, ontem, dia 26/04/12, com
mais um julgamento histórico sobre tema da mais alta relevância no Brasil:
somos um povo preconceituoso? Ou vivemos numa democracia racial? Os mais
hipócritas afirmam que não somos preconceituosos, desde a abolição da
escravatura, há mais de um século. Mas, sabemos que isso não é verdade. E não é
preciso esperar a hora de ingressar na Universidade Pública para se descobrir
isso. Basta ir a uma Vara da Infância e Adolescência, em qualquer fórum do
Brasil, e pedir para ver a lista cadastral do Programa de Adoção de Crianças.
Ninguém pede para adotar uma criança negra, doente ou com deficiência mental.
Todos querem bebês brancos, com saúde, e de no máximo 2 anos de idade. Isso
mostra que o preconceito não é apenas contra os negros; é contra os pobres, os
deficientes, os feios, os gordos, enfim, os “diferentes”. Não seria isso uma
amostragem dos nossos padrões comportamentais ao longo da vida? Se ainda não somos
capazes de adotar crianças de raças diferentes da nossa, como aprenderemos a
conviver com as diferenças na vida acadêmica? Parabéns ao Supremo por
reconhecer que o racismo ainda impera no Brasil e deve, sim,
ser abolido, seja pela implementação de políticas públicas para inclusão
social de negros nas Universidades Públicas, seja pela mudança de mentalidade
do próprio Poder Judiciário que fundamentou seu julgamento nos Valores
Universais da Justiça Social e da
Igualdade Material. Um exemplo de maturidade jurídica e sensibilidade política!
Sylvana Machado Ribeiro é advogada em Brasília-DF.