Pacto pela Paz Social
na Copa do Mundo:
Existe um ditado que
diz: “falem bem, ou falem mal, mas falem de mim!” Mas, e se o falar implicar em
alguma penalização? Aí ninguém quer ser vítima, não é mesmo?
As pessoas, por
natureza, adoram falar umas das outras. Se for sobre pessoas famosas, então, é
uma delícia! Todos querem saber da última. É incrível, mas a curiosidade e a
fofoca fazem parte da natureza humana.
Mas, uma coisa é
falar ou ouvir dizer, outra, bem diferente é a divulgação de fatos, nem sempre verdadeiros,
que podem trazer consequências graves para as pessoas envolvidas. Aí a coisa
muda de figura. Temos que ter muito cuidado com o que falamos, pois a palavra
falada não volta atrás e pode causar muitas desgraças.
Veja o caso daquela
professora que foi linchada até a morte em consequência de um boato de que ela seria
uma sequestradora de crianças. Um absurdo, mesmo se ela fosse culpada. Afinal, não
cabe a nós, cidadãos comuns, julgar ninguém, pois, isso é tarefa exclusiva do
Estado Juiz. Ademais, vivemos em um Estado Democrático de Direito onde fazer
justiça com as próprias mãos é crime tipificado no artigo 345 do Código Penal
Brasileiro.
Precisamos entender
que todos nós somos corresponsáveis pela ordem e pela paz na sociedade. E que todos
nós, em algum momento da vida, seremos culpados ou inocentes, a depender do
ponto de vista. Sendo assim, todos têm o direito a um julgamento justo e que
obedeça ao devido processo legal.
Mas o que é exatamente
esse tal de “devido processo legal”? O devido processo legal é aquele previsto
em lei, cujo Juiz ou Tribunal e as normas processuais já existam antes do fato
que será julgado. Isso por que, ninguém pode escolher o juízo ou Tribunal que será
julgado. E o tempo de julgamento não pode ser muito extenso, ou seja, tem que
acontecer dentro de um prazo razoável. Afinal, não é justo que para sermos
inocentados ou culpados tenhamos que esperar 30 anos por um julgamento. Afinal,
justiça tardia não é justiça, é injustiça! Sendo assim, não podemos concordar
com a morosidade da justiça.
Por outro lado, não podemos
fazer justiça com as próprias mãos só porque a justiça é demorada. E temos que
entender que com a mesma medida que julgamos, seremos julgados. Isso é um princípio
bíblico que, também pode servir para a justiça e para a vida!
Se permitirmos que se
faça justiça com as próprias mãos com aqueles que julgamos serem culpados, estaremos
abrindo um precedente para que isso aconteça conosco também! Já imaginou se
fosse com você? E se um dia por algum engano você fosse o “justiçado” pelo povo
na rua? Você gostaria? Seria justo? Seria legal? Claro que não!
O melhor caminho ainda
é o do bom senso. Em tudo na vida devemos olhar sob o ângulo do outro e
fazermos a seguinte pergunta: e se fosse comigo? Se todos fizessem essa
pergunta antes de agir, muitas tragédias poderiam ser evitadas.
E durante a Copa fiquemos
atentos quanto àquelas pessoas que agem de má-fé, tão somente para tumultuar,
por que elas nem sempre tem muito a perder. Mas, nós, cidadãos do bem, temos
muito a perder: nossa família, nossa paz, nosso sossego e nossa vida!
Nessa Copa do Mundo façamos
um pacto pela paz social, agindo de forma civilizada e dentro da lei, afinal
somos todos corresponsáveis pela paz social que tanto almejamos. Afinal, a Copa
do Mundo também é do Brasil, também é nossa, caso você concorde ou não! Acorda
Brasil!
Sylvana Machado
Ribeiro é advogada em Brasília.